Alfredo Gomes era neto de escravos, mas aprendeu a ler e escrever e se tornou um autodidata. Sua sede pelo conhecimento o tornou falante de 4 idiomas: inglês, italiano, alemão e francês. Seu primeiro esporte foi o futebol, mas foi no atletismo que ele descobriu seu verdadeiro talento. Como brasileiro da época (1899 - 1963) sua negritude o fez viver situações de racismo, que foram sendo diluídas com seu potencial de destaque. Trabalhava como eletricista e após o dia de trabalho ia treinar na pista do Clube Esperia, em São Paulo. Alfredo treinava sozinho, não tinha treinador e foi um ícone para a divulgação e o desenvolvimento do atletismo entre as décadas de 1920 e 1930. Em 1924 ele acendeu a tocha olímpica em Paris e foi porta bandeira da delegação brasileira. Essa participação foi um marco, pois o Brasil participava pela primeira vez da modalidade do atletismo em jogos olímpicos. Dessa forma, ele se tornava o primeiro negro representando o Brasil, numa olimpíada. Uma de suas maiores conquistas foi vencer a primeira Corrida de São Silvestre, em 1925, quando ela ainda era disputada na virada do ano (31/12/1925 para 01/01/1926), pelas ruas de São Paulo. É preciso destacar que nessa época a iluminação das vias públicas não era como a temos hoje e havia trechos da prova que eram muito escuros. Alfredo também se destacou em diversas outras competições, sendo recordista nacional dos 5000m, em 1925. Fundou a Associação dos Veteranos do Atletismo de SP e continuou treinando por toda vida. A pista do Esperia continuou sendo um dos seus lugares preferidos, até o final de sua vida. Gratidão, Alfredo Gomes, por inaugurar o caminho do atletismo brasileiro. Obrigada pelo legado de foco, disciplina e persistência que deixaste a inúmeras gerações. Obrigada por nos ensinar que aprender é verdadeiramente apaixonante e que somos nós que vamos construindo e reconstruindo nossos próprios limites.
Boas, felizes, lindas e respeitosas corridas!